Como avaliar se preciso colocar pino intrarradicular?

O que usar como base em um tratamento endodôntico: dente remanescente ou pino intrarradicular? Confira as dicas de um especialista!

Angelus

7 min. de leitura

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13 de outubro de 2023

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Uma das primeiras decisões a serem tomadas no tratamento endodôntico é avaliar a necessidade da colocação do pino intrarradicular. Para isso, é preciso analisar alguns fatores, como a presença do remanescente coronário, localização do dente na arcada dentária e demais condições associadas.

Neste artigo, entrevistamos Prof. Dr. Iussif Mamede Neto (CRO/GO 4982), que é especialista em Endodontia pela Associação Brasileira de Odontologia e Doutor em Ciências da Saúde. Além disso, é membro titular e efetivo da Sociedade Brasileira de Endodontia (SBENDO). Atualmente atua como coordenador e professor da Equipe EndoConcept (Ensino e Pós-Graduação em Endodontia) e como coordenador do Núcleo de Endodontia da Vitae Odontologia desde 2008 na cidade de Goiânia/GO.

Como a avaliação do remanescente dentário/coronário está relacionada com essa decisão?

Sem nenhuma dúvida, a literatura é enfática em afirmar que a presença do remanescente coronário é o fator primordial para a diminuição do risco de fratura. A preservação da estrutura dental é importante para manter a resistência do dente e aumentar a retenção da prótese.

Isso porque a presença de uma base de sustentação para o núcleo de preenchimento coronário possibilita o direcionamento das forças ao longo do eixo do dente, minimizando as tensões na interface núcleo/raiz. Assim, quando não existe estrutura coronária suficiente, as forças que incidem sobre o núcleo podem ser direcionadas no sentido oblíquo, tornando a raiz mais suscetível à fratura.

Outro fator importante que deve ser considerado em relação ao remanescente coronário é a presença de férula, que tem como objetivo melhorar a resistência dental contra as forças de alavanca, contra o efeito cunha dos pinos cônicos e contra tensões geradas durante a inserção do pino. A ausência da férula é um fator significante para o aumento do risco à fratura independentemente do tipo de material do núcleo.

Como avaliar qual é o melhor tipo de pino para determinado caso?

A reconstrução e a restauração de dentes tratados endodonticamente pode necessitar da utilização de pinos e de núcleo de preenchimento coronário para o restabelecimento da função e estética. A seleção do sistema apropriado de pino/núcleo é um dilema clínico, tendo em vista as amplas variedades disponíveis. Vários são os fatores que influenciam na seleção do pino e do núcleo como:

  • Comprimento da raiz;
  • Anatomia do dente;
  • Largura da raiz;
  • Configuração do canal;
  • Quantidade de estrutura dentária coronária;
  • Força de torção;
  • Estresse;
  • Configuração (design) e material do pino;
  • Compatibilidade do material;
  • Capacidade de adesão e retenção do núcleo;
  • Estética;
  • Material da coroa.
  • Frente a essas inúmeras variáveis clínicas e de acordo com a literatura, algumas orientações devem ser observadas para a seleção do sistema pino/núcleo mais adequado para cada caso:
  • Conservar o máximo de estrutura dental possível durante o preparo do conduto radicular;
  • Sempre que possível, utilizar pinos pré-fabricados de fibra de vidro que proporcione maior imbricamento às paredes do canal radicular
  • Adequado selamento apical deve ser mantido sem comprometer o comprimento do pino;
  • Pinos paralelos passivos podem ser preconizados pela adequada retenção, mas quando a espessura de dentina apical é mínima, um pino com design paralelo-cônico deve ser indicado;
  • Em canais radiculares muito amplos, recomenda-se a utilização de pinos acessórios ou pinos universais com luva de fibra de vidro, com o objetivo de reduzir a espessura da camada do cimento resinoso;
  • O pino deve apresentar módulo de elasticidade similar à dentina radicular, assegurar compatibilidade do material, capacidade adesiva, adequada rigidez e compatibilidade estética com a restauração definitiva;
  • A reversibilidade, em casos de falha, deve ser considerada;
  • O sistema deve ser de fácil uso e custo viável.

Quais são as principais diferenças no uso do pino metálico e fibra de vidro?

Na literatura atual, as evidências demonstram que os pinos de fibra de vidro reduzem a incidência de fraturas na raiz, se comparados aos pré-fabricados metálicos ou metálicos fundidos convencionais.

Os pinos de fibra de vidro são classificados como significativamente melhores e mais seguros que os metálicos, além de serem mais eficientes pela criação de um retentor individualizado, tendo melhor adaptação, diminuição da linha de cimentação, imbricamento mecânico e promoção de menor risco de fraturas radiculares irreversíveis, tendo em vista que o módulo de elasticidade é semelhante ao da dentina.

Os retentores de fibra de vidro não necessitam da fase laboratorial, tendo baixo custo e utilizando pouco tempo do profissional de odontologia. São resistentes ao impacto e à fadiga, amortecimento de vibrações e boa capacidade de absorção de choques.

Assim, estudos recentes vêm demonstrando que a resistência à fratura dos pinos de fibra de vidro é crescente e deve ser a primeira escolha dentre todos os outros pinos intrarradiculares, pois são seguros e eficazes.

Quais são as diferenças entre o pino pré-fabricado e o anatomizado?

O pino anatomizado é confeccionado utilizando um pino pré-fabricado de fibra de vidro em que, a partir da anatomização (reembasamento) com a utilização de resina composta sobre a superfície do pino, tem finalidade de moldar, copiar a anatomia interna radicular, diminuindo assim a linha de cimentação e aumentando o imbricamento mecânico. Além disso, a Angelus hoje possui duas opções de pinos que são justamente para preencher essa necessidade: o SPLENDOR® UNIVERSAL e o Reforpin.

O SPLENDOR® UNIVERSAL é um pino de fibra de vidro de segunda geração, de tamanho universal. Possui um pino e uma luva, que se adapta ao conduto dependendo de sua dimensão, proporcionando uma maior quantidade de fibras na região cervical, e também o imbricamento mecânico que muitas vezes não conseguimos com os pinos de fibra de vidro convencionais.

O Reforpin é um pino acessório, para ser utilizado junto aos pinos de fibra de vidro convencionais de primeira geração (Reforpost, Exacto), para agregar maior quantidade de fibras dentro do conduto (principalmente na região cervical, onde recebe forças de cisalhamento) e também proporcionar um maior imbricamento mecânico.

 

Poderia nos dar um depoimento sobre os pinos de fibra de vidro da Angelus?

Os pinos de fibra de vidro da Angelus são utilizados há anos em nossa rotina em clínica privada e são os pinos indicados para nossos alunos de pós-graduação, pois apresentam uma grande variedade de design (pinos acessórios, pinos paralelos serrilhados, cônicos lisos, pino universal) e diâmetros. Além do excelente padrão de qualidade que são confeccionados.

Neste artigo do Prof. Dr. Iussif Mamede Neto você pôde aprender como escolher o pino, incluindo o formato ideal do pino intrarradicular pré-fabricado e os principais cuidados sobre o que avaliar no momento da escolha do pino para se obter sucesso no tratamento endodôntico.

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