Tudo sobre cimentação de pino de fibra de vidro

A cimentação de um pino de fibra de vidro pode apresentar desafios devido a vários fatores, incluindo a complexidade do procedimento...

Angelus

10 min. de leitura

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10 de maio de 2024

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A cimentação de um pino de fibra de vidro pode apresentar desafios devido a vários fatores, incluindo a complexidade do procedimento, as características do material e as condições específicas de cada caso clínico. Para te ajudar a compreender melhor o passo a passo da cimentação de pino de fibra, convidamos o Prof. Rodrigo Sena, Mestre em Dentística – UFMG. Ele nos revela em quais detalhes você deve se atentar em cada etapa da cimentação do pino.

Boa leitura!

Primeiro devemos entender como se deve determinar o comprimento do pino dentro do conduto

O professor explica que para ter uma adequada retenção, o pino deve estar inserido o máximo possível no comprimento do conduto radicular, respeitando sempre a obturação endodôntica da zona crítica apical em torno de 4 a 5 mm. Então, diante de uma radiografia de qualidade e junto com o relatório do tratamento endodôntico, se tem o comprimento do CDR, e subtrai-se em torno de 5mm.

Por exemplo, se o comprimento do dente for de 24 mm, (CDR), subtrai-se 5 mm. Então:

24 -5 = 19, assim, devemos desobstruir 19 mm, colocando o stop/cursor nos instrumentos e brocas nessa medida, tendo como referência a cúspide ou região que se registrou o posicionamento do cursor para medir o CDR.

E aqui temos a primeira dica valiosa do professor, que diz:

“A regra de ‘dois terços’ pode confundir o profissional, porque essa regra se refere a 2/3 da raiz inserida na estrutura óssea. Portanto, é mais prático e simples subtrair os 4 a 5mm da região apical e desobstruir até esse limite variando, obviamente, com o comprimento radicular de cada dente. Devemos salientar que certas situações clínicas, como curvaturas, raízes muito longas ou curtas, calcificações e variáveis anatômicas podem influenciar nessa escolha, na adaptação e comprimento do pino.”

Rodrigo ainda destaca a Angelus disponibiliza um gabarito transparente com os desenhos dos pinos, que posicionado sobre a radiografia orienta a seleção correta, avaliando também qual espessura do pino é compatível com a anatomia do conduto.

Concluída a etapa da desobturação do canal, deve-se prosseguir com a correta limpeza das paredes do conduto. 

Mas, qual seria o instrumento ideal para esse tipo de limpeza?

O professor indica alguns instrumentos, como por exemplo:

  • Brocas de ponta inativa padronizadas com o formato do pino, como as do Exacto.
  • Brocas de Largo de calibre compatível com o conduto.
  • Limas Endodônticas
  • Escovas de nylon com formato para uso dentro do conduto (DH PRO), cilíndricas e específicas para esse tipo de procedimento.

Ele ainda destaca que recentemente foi lançado no mercado pontas de uso intrarradicular diamantadas, ampliando ainda mais as opções.

E aqui mais uma dica do professor Rodrigo Sena, que é complementar essa limpeza com água e não utilizar soluções à base de hipoclorito ou outras utilizadas no tratamento endodôntico como clorexidina, EDTA, etc, pois podem interferir na cinética química dos sistemas adesivos e cimentos resinosos.

E muito importante também se atentar à efetividade dessa limpeza, pois a interação dos sistemas adesivos ou cimentos autoadesivos, devem ser no substrato dentinário, sem nenhuma interferência de substâncias e/ou detritos.

Muitas vezes a desobturação do conduto já conta com um preparo para receber o pino, e a escolha do pino ideal é algo que muitas vezes gera dúvida.

Como escolher o pino ideal para um dente em específico?

Atualmente a melhor escolha são os pinos de fibra de vidro. E o pino ideal deve ser o mais bem justaposto e adaptado às paredes do conduto radicular e com o maior comprimento possível.

Hoje no mercado, falando de pinos de fibra de vidro pré-fabricados temos opções de pinos cilíndricos (para condutos mais paralelos) e cônicos, sendo este formato o mais utilizado, devido à quase totalidade dos condutos serem cônicos.

O professor destaca que na maioria dos casos se utiliza os pinos cônicos de numeração 0.5 mm ou 1.0 mm. E diz: “A minha escolha para esse formato de pino é o Exacto, que possui dupla conicidade.“

Outra excelente opção e novidade no mercado é o pino universal Splendor® UNIVERSAL, com calibre único e fino que se adapta praticamente em qualquer conduto, sendo sua adaptação final ajustada com uma “luva” cônica em fibra de vidro que envolve esse pino, e dessa forma preenche-se o conduto ajustando a adaptação de acordo com a variação da dimensão do conduto, sendo ele estreito, médio ou amplo.

Agora que você já sabe escolher o pino, vamos entender como prepará-lo para a cimentação. Muitas vezes o profissional sabe que precisa utilizar o Silano nesse preparo, porém não entende o motivo.

Afinal, por que se deve silanizar o pino de fibra de vidro?

Silano é importante para obter uma melhor interação e adesão dos cimentos resinosos e sistemas adesivos aos pinos de fibra de vidro. O Silano é um composto químico bifuncional, que promove a união (de um lado da sua molécula) à sílica presente na fibra de vidro, e no outro lado com a matriz orgânica das resinas, adesivos e cimentos. Portanto, ele promove a interação da parte orgânica (resinas) à parte inorgânica (vidro), o que torna compatível a união de componentes orgânicos com inorgânicos, possibilitando uma efetiva adesão do pino ao material resinoso.

E em relação aos cimentos, quais estão disponíveis hoje no mercado, e qual deles eu devo usar?

Rodrigo diz que a escolha deve ser sempre os cimentos resinosos.

Outros cimentos como o fosfato de zinco e ionômero de vidro são inferiores aos cimentos resinosos e atualmente não são recomendados.

Quanto aos cimentos resinosos disponíveis, eles são classificados de acordo com a forma de polimerização e de acordo com a forma de adesão. De acordo com a forma de polimerização, temos no mercado:

  • Convencionais, que são cimentos que necessitam de condicionamento prévio através do sistema adesivo;
  • Autoadesivos, que não necessitam de nenhum condicionamento ou procedimento adesivo prévio.

Os cimentos autoadesivos também podem ser subdivididos e classificados de acordo com a cinética química de polimerização, sendo:

  • Fotopolimerizável: polimerização através da fotoativação (não são indicados para os pinos intrarradiculares)
  • Quimicamente ativado: polimerização por reação química, sem necessidade de energia luminosa
  • Dual: polimerização por reação química e fotoativação

Devemos escolher, de preferência, os cimentos autoadesivos de presa dual ou química, devido a simplicidade de sua técnica e de alta efetividade adesiva.

O professor indica alguns cimentos de sua escolha:

  • RelyX U200 (3M / ESPE) ou, RelyX Automix que vem com a seringa automistura e cânulas para inserção dentro do conduto.
  • RelyX Universal (3M) – sistema mais moderno e recente, com seringa automistura e cânulas de inserção.
  • Set PP (SDI).

Mas, no caso de escolhermos a opção dual, que é a mais recomendada segundo o professor Rodrigo, será que a cor do pino interfere na fotopolimerização?

O professor explica que primeiramente devemos compreender que os pinos opacos permitem menor passagem de luz que os translúcidos, e que no caso dos cimentos duais, poderíamos imaginar que os pinos translúcidos seriam melhores na polimerização da parte fotoativada do cimento.

Nesse contexto, porém, devemos entender que o conceito do pino translúcido ser mais favorável (na conversão e polimerização de cimentos resinosos), por passar mais luz não é correto. Isto se deve ao fato de que as fibras de vidro, apesar de permitirem a passagem de luz, a quantidade, intensidade da energia luminosa que chega na extremidade dos pinos, não é suficiente para a completa conversão de monômeros em polímeros do material, promovendo baixa conversão e queda das propriedades do cimento, o que pode levar ao fracasso do processo.

Sendo assim, a verdade é que a cor do pino não faz diferença. E por esse motivo que recomendamos os cimentos autoadesivos preferencialmente químicos ou duais, para diminuir a dependência de energia luminosa para polimerização dos cimentos resinosos.

Os cimentos duais se comportam bem aonde a luz não chega, devido a maior parte do seu conteúdo ser quimicamente polimerizado.

Já vimos que a translucidez do pino não faz diferença no processo de fotopolimerização.

Mas, e a potência do equipamento fotopolimerizador? Essa faz diferença no processo?

“A fotoativação faz diferença em qualquer procedimento adesivo que necessita exclusivamente da energia luminosa.

Se dermos preferência aos cimentos de polimerização química ou dual, então não faz diferença, pois a luz que alcança o terço médio e apical do conduto radicular é de baixa intensidade e ineficiente.

Sobre as diferenças entre as marcas, sim, existem diferenças significativas na qualidade dos aparelhos fotoativadores do mercado”, explica Rodrigo Sena.

A recomendação do professor é a seguinte:

1º lugar – Valo e Grand Valo (Ultradent)

Alternativa: RadiL (SDI) ou O-Light (MMopBcs).

Por fim, pedimos ao professor Rodrigo o seu protocolo de cimentação de pinos de fibra de vidro, e ele descreve:

Após a seleção correta do pino e desobturação do conduto, com isolamento absoluto, realizamos o preparo do pino e do conduto;

Preparo do pino

  1. Limpar o pino com álcool
  2. Aplicar Silano e aguardar 1 minuto

Deixar preso em uma pinça tipo Muller e separado.

No conduto radicular

  1. Limpeza efetiva das paredes do conduto, que após o procedimento de desobturação ainda ficam impregnadas com resquícios de cimento endodôntico e guta percha, que devem ser completamente removidos com brocas de Largo ou as brocas de preparo disponibilizadas nos kits dos pinos (de preferência em uso manual, evitando desgastes, perfurações e desvios no conduto).
  2. Lavar com água e secar com cones de papel absorvente
  3. Aplicar o cimento resinoso autoadesivo de preferência com finas cânulas disponíveis para essa finalidade (por ter menor chance de bolhas e ser mais prático) ou com uma lima, pincelando as paredes e preenchendo o conduto. Pincelar um pouco de cimento também no pino e inserir o mesmo em movimento suave para permitir extravasamento do cimento. Remover o excesso antes da polimerização.

OBS: o uso de broca Lentulo associado aos motores em baixa rotação não é indicado, pois devido a velocidade, o cimento pode sofrer uma polimerização imediata, comprometendo a cimentação.

  1. Aguardar a reação de polimerização química e adesão em média 5/7 minutos. Após esse tempo, proceder com a fotoativação pelo pino, mas ciente das limitações de profundidade.

Dica: cortar o pino antes da cimentação é sempre a melhor opção para não gerar tensões no pino recém fixado, porém em certas situações o corte deve ser realizado após a cimentação, pois se cortado previamente pode dificultar ou comprometer o manuseio.

Agora que você entendeu tudo sobre cimentação do pino, enfatizamos que a Angelus como empresa inovadora, investe continuamente em pesquisa e desenvolvimento de produtos, além de garantir que estes atendam aos padrões de desempenho e segurança. E dessa forma, associando um bom produto a um procedimento bem feito, respeitando todo o protocolo, aumentamos as chances de um bom resultado clínico, minimizando complicações e promovendo a saúde bucal dos pacientes a longo prazo.

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