Por que escolher biocerâmico para procedimento de capeamento pulpar?

Os materiais biocerâmicos já são consagrados na odontologia em alguns procedimentos, confira seu uso nos casos de capeamento pulpar direto..

Angelus

5 min. de leitura

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17 de junho de 2024

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Os materiais biocerâmicos já são consagrados na odontologia em alguns procedimentos, e em outros vem ganhando cada vez mais popularidade, como é o caso do capeamento pulpar, devido às suas propriedades, químicas e biológicas benéficas. Esses materiais são compostos por materiais cerâmicos que interagem favoravelmente com os tecidos biológicos, proporcionando uma resposta biocompatível e estimulando a regeneração dos tecidos dentários.

Além disso, o uso dos biocerâmicos é bastante versátil, eles possuem resistência à degradação e têm propriedades seladoras que são cruciais para proteger a polpa e prevenir a ocorrência de infecções. Para você entender melhor por que escolher um biocerâmico para os casos de capeamento pulpar, acompanhe abaixo as recomendações da Ana Elisa Ferreira, cirurgiã-dentista e endodontista formada pela Universidade de São Paulo (USP) que é Analista de Comunicação Científica da Angelus.

A dentista esclarece que, para cada tipo de capeamento pulpar, é esperado determinado resultado. “O capeamento pulpar direto é realizado quando há exposição evidente da polpa (sangramento). Espera-se que o capeamento estimule a formação de dentina reparadora na região exposta, chamada ‘ponte de dentina’ ou ‘barreira mineralizada’. Quando o capeamento pulpar é indireto, não há exposição aparente da polpa (não há sangramento) e a espessura da dentina remanescente é muito pequena, então o capeamento estimula a formação de dentina reacional.”

Antigamente, utilizava-se muito o cimento de hidróxido de cálcio para o procedimento de capeamento pulpar, porém hoje a literatura indica o uso de materiais à base de silicato de cálcio (MTA).

 

Mas por que o material biocerâmico (MTA) é o material de escolha atualmente para a técnica de capeamento pulpar direto? Por que devemos utilizá-lo no lugar do hidróxido de cálcio ou materiais resinosos?

Quando o MTA (Agregado Trióxido Mineral) e outros cimentos à base de silicato de cálcio são utilizados em procedimentos de Terapia de Polpa Vital em dentes permanentes com pulpite irreversível sintomática ou assintomática, as taxas de sucesso variam de 85% a 100% em 1-2 anos. No entanto, é importante notar que o hidróxido de cálcio, cimentos de ionômero de vidro (CIV) e materiais à base de resina apresentam resultados clínicos menos favoráveis, com uma faixa de sucesso variando de 43% a 92%.

Ana destaca que uma das grandes vantagens do MTA, é a possibilidade de aplicação em área úmida sem perda de propriedades. Ela explica que “devido à sua característica hidrofílica, os biocerâmicos podem ser utilizados em meio úmido, sendo a umidade responsável pela ativação da reação química de presa do material. A mistura apresenta boas propriedades para selar perfurações radiculares, pois não perde suas características em um ambiente úmido, contendo, por exemplo, sangue e saliva.”

 

Posso utilizar qualquer tipo de biocerâmico: pó x líquido (MTA Angelus® e MTA Repair HP) e os prontos para uso (BIO-C® Repair) para os casos de capeamento pulpar?

Sim, é possível, apenas considerando que os biocerâmicos dependem da umidade para tomar presa. No caso dos MTAs pó x líquido a reação de presa ocorre em 15 minutos, pois a umidade já é oferecida no momento da manipulação desses produtos. Se for utilizado um produto pronto para uso como o BIO-C® Repair, a presa será dependente da umidade dos tecidos dentários, levando a uma média de presa em 120 minutos.

 

Etapas do capeamento pulpar direto

Por fim, Ana Elisa nos relaciona todas as etapas envolvidas na técnica de capeamento pulpar direto utilizando um biocerâmico. Confira abaixo:

1. Remover todo o tecido cariado;
2. Descontaminar a câmara pulpar com hipoclorito de sódio;
3. Neutralizar com soro ou água destilada;
4. Aplicar o MTA no local exposto;
5. Aplicar fina camada de restaurador provisório;
6. Aplicar ionômero de vidro;
Aguarda-se 6 meses para controle radiográfico e avaliação de sintomatologia
Caso o retorno seja positivo:
7. Remoção parcial do ionômero de vidro, deixando apenas um forramento;
8. Restauração convencional em resina composta.

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Fontes

  • DEPARTAMENTO DE BIOMATERIAIS E BIOLOGIA ORAL Disciplina ODB 400 – Biomateriais para uso direto Roteiro de estudos – Data: 10/03/2021 Professor: Roberto Braga Cimentos I: Hidróxido de Cálcio e Silicato de Cálcio (MTA):
  • Clinical guidelines position statements. American Association of Endodontists. March 14, 2022. Accessed August 3, 2022. https://www.aae.org/specialty/clinical-resources/guidelines-position-statements/ – AAE Position Statement on Vital Pulp Therapy
  • PERSPECTIVA, Erechim. v.35, n.129, p. 7-16, março/2011 – RELATO DO USO DE MTA (TRIÓXIDO MINERAL AGREGADO) EM CASO DE PERFURAÇÃO RADICULAR DE DENTE PERMANENTE
  • Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR Vol.28,n.3,pp.32-36 (Set-Nov 2019).
  • Caso clínico Carlos Ferrari Endodontia – Proteção pulpar com MTA em rizogênese incompleta

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