Uso de medicação intracanal e cimento obturador biocerâmico em retratamento endodôntico - Angelus Odontologia

Uso de medicação intracanal e cimento obturador biocerâmico em retratamento endodôntico

BIO-C Temp | Angelus

Maria Antonieta Veloso Carvalho de Oliveira1, Nayara Rodrigues Nascimento Oliveira Tavares2, Jessica Monteiro Mendes3, Luís Henrique Araújo Raposo4, Paulo Vinícius Soares5

1Professora Doutora da Área de Endodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (FOUFU) – MG. Coordenadora do Projeto de Extensão “Tratamento endodôntico e restaurador em dentes molares” da FOUFU.

2Especialista em Endodontia, mestranda em clínica integrada na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (FOUFU).

³Cirurgiã-Dentista, Uberlândia – MG. Voluntária externa do Projeto de Extensão “Tratamento endodôntico e restaurador em dentes molares” da FOUFU.

4Professor Doutor da Área de Oclusão e Prótese Fixa da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (FOUFU) – MG.

5Professor Doutor da Área de Dentística e Materiais Dentários da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (FOUFU) – MG.

Introdução

Os biomateriais são produtos utilizados na área da saúde que podem atuar como órgãos artificiais, materiais implantáveis, curativos, dentre outros. Sua vasta utilização deve-se a sua biocompatibilidade e bioestabilidade, suas propriedades regenerativas e seu baixo potencial toxicológico. Na odontologia, seu uso vem se tornando cada dia mais comum (Pires, 2015). Produtos biocerâmicos são utilizados atualmente na Endodontia como cimentos obturadores. Exercem a função de preenchimento e selamento radicular, possuem ótimas propriedades antibacterianas, induzem a biomineralização, estimulam a cementogênese na região apical e possuem ótimos resultados quando utilizados em ambientes úmidos, tornando-se assim ideais também para casos de perfurações (Abusrewil, 2018).

A medicação intracanal é responsável por atuar como complemento à instrumentação, já que muitas vezes a instrumentação por si só não consegue efetuar a limpeza dos canais radiculares, assim como estimular a cura em casos de lesões periapicais (Zancan, 2016). Existe uma vasta opção de medicações, porém, frente ao sucesso dos biocerâmicos, buscou-se a utilização destes materiais na forma de medicação intracanal, com o objetivo de otimizar a restauração da saúde do conduto radicular e seus tecidos adjacentes.

Apesar do avanço dos materiais e tecnologias na área endodôntica, ainda encontra-se casos de insucesso terapêutico. Erros durante a localização, instrumentação e limpeza dos canais estão diretamente ligadas a essas situações (Tabassum, 2016). Assim, o objetivo deste caso clínico é relatar o retratamento de um molar onde utilizou-se medicação e cimento biocerâmico em dente com sintomatologia dolorosa e lesão periapical.

 

Relato de Caso

Paciente gênero feminino, 25 anos de idade, compareceu ao Hospital Odontológico no Projeto de Extensão “Tratamento endodôntico e restaurador em dentes molares” da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (FOUFU), com história de dor espontânea moderada de curta duração há 30 dias no dente 36, o qual havia passado por tratamento endodôntico dois anos antes.

Na primeira consulta, a paciente apresentava clinicamente restauração em resina (Figura 1A) e dor à percussão vertical. Radiograficamente, o dente apresentava canais com obturação aquém do término da raiz, espessamento do ligamento periapical na raiz distal e lesão periapical na raiz mesial (Figura 1B). Após anestesia e isolamento absoluto, a remoção da restauração e a abertura coronária foram realizadas com broca esférica diamantada #1014 (FAVA, Pirituba, SP, Brasil) e broca multilaminada de ponta inativa (Endo Z, Angelus Indústria de Produtos Odontológicos S/A, Londrina, Brasil). A obturação foi removida com lima Reciproc #25 (VDW, München, Alemanha) acoplada a motor (VDW) (Figura 2). A mesma lima foi utilizada para instrumentação completa dos canais após a obtenção do comprimento real de trabalho (CRT) por meio de localizador apical eletrônico (RomiApex A15, Romidan, Giv’at Shmu’el, Israel). Os canais foram ampliados apicalmente com limas manuais do tipo Kerr (Maillefer, Dentsply, Tulsa, Oklahoma, EUA) até a #30 nos canais mesiais e até a #40 no canal distal.

Aspectos clínico do dente 36
Aspecto radiográfico do dente 36
Remoção da obturação com lima reciprocante
Remoção da obturação com lima reciprocante

Irrigação abundante de hipoclorito de sódio 2,5% ativada manualmente foi realizada durante toda a limpeza dos canais radiculares. Medicação intracanal biocerâmica (BIO-C TEMP, Angelus Indústria de Produtos Odontológicos S/A) foi inserida nos canais por meio da ponta aplicadora da própria seringa do produto a 2,0 mm do CRT (Figuras 3 e 4). Lima Kerr # 15 (Maillefer, Dentsply) foi utilizada até o CRT com o objetivo de auxiliar a chegada da medicação em todo o canal e eliminar bolhas em seu interior. Foram realizadas duas trocas da medicação com intervalo de 60 dias cada, devido ao não comparecimento da paciente às consultas de retorno. A paciente relatou o desaparecimento total da dor logo após a primeira consulta.

 

Material utilizado como medicação: BIOC TEMP
Inserção nos canais radiculares
Aspecto clínico da medicação nos canais radiculares
Aspecto radiográfico da medicação nos canais radiculares

A medicação biocerâmica (BIO-C TEMP) foi removida em todas as sessões por meio de irrigação de hipoclorito de sódio 2,5% e instrumentação com lima do tipo Kerr # 25 (Maillefer, Dentsply). Seguida de EDTA a 17% (Biodinâmica, Ibiraporã, Brasil) inserido nos canais com auxílio de uma pinça clínica e agitado durante 30 segundos por meio de ponta de ultrassom E1 Irrisonic (Helse Dental Tecnology, Santa Rosa de Viterbo – SP).

Na última sessão, o dente apresentava uma diminuição na lesão periapical na raiz mesial ao exame radiográfico e a paciente estava sem sintomatologia dolorosa. A obturação foi feita por meio da técnica de condensação lateral e vertical com cimento a base de MTA (MTA Fillapex Automistura, Angelus Indústria de Produtos Odontológicos S/A) e cones de guta percha (Odous de deus) (Figura 5).

 

Cimento endodôntico utilizado: MTA Fillapex
Aspecto clínico do cimento endodôntico que foi utilizado

Na sessão de proservação, 1 ano e 1 mês após a obturação dos condutos radiculares, a paciente relatou não haver incômodo. Clinicamente, a restauração em resina estava bem adaptada e, radiograficamente não havia presença de lesão periapical (Figura 6).

 

Aspecto radiográfico final
Proservação

Conclusão

Após o acompanhamento clínico e radiográfico do caso por 13 meses do término do tratamento, observou-se que o uso dos materiais biocerâmicos (BIO C TEMP e MTA Fillapex) foi efetivo, tendo sucesso na recuperação da saúde do elemento dental.

 

Referências

  1. Pires ANR, Bierhalz ACK, Moraes AM. Biomateriais: tipos, aplicações e mercado. Quim. Nova 201;38(7):957-971.

  2. Abusrewil SM, McLean W, Scott JA. The use of Bioceramics as root-end filling materials in periradicular surgery: A literature review. Saudi Dent J 2018;30:273–282.

  3. Zancan RF, Vivan RC, Lopes MRM, et al. Antimicrobial Activity and Physicochemical Properties of Calcium Hydroxide Pastes Used as Intracanal Medication. J Endod 2016;43:1822-1828.

  4. Tabassum S, Khan FR. Failure of endodontic treatment: The usual suspects. Eur J Dent 2016;10(1):144-147.

 

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