Comparação de dois localizadores apicais eletrônicos para odontometria: estudo in vivo  - Angelus Odontologia

Comparação de dois localizadores apicais eletrônicos para odontometria: estudo in vivo 

Endodontia | Angelus

Maria Fernanda Prates da Silva

Clauber Romagnoli

Douglas Giordani Negreiros Cortez

Renato Interliche

Resumo

O objetivo desse estudo in vivo consistiu na comparação de dois localizadores apicais eletrônicos. Ele foi realizado por apenas um operador na escola de pós graduação Educação Inteligente – EI na cidade de Londrina – Paraná. Foram utilizados diversos grupos dentais, sem especificidade entre os grupos, e sem distinção de biopulpectomia ou necropulpectomia. Na comparação de tais localizadores não se obteve diferença significativa entre as medidas de comprimento de trabalho. Conclui-se com esse estudo que o localizador Airpex por apresentar tamanho reduzido, oferece uma praticidade maior devido à sua fácil locomoção/transporte e duração de bateria.

Palavras chave: localizadores apicais eletrônicos; odontometria; endodontia; comprimento de trabalho. 

        

Introdução

Um dos principais objetivos do tratamento endodôntico é a limpeza do canal radicular e para se ter essa limpeza por completo uma necessidade é a obtenção do comprimento de trabalho (CT). Essa medida será a responsável delimitar a extensão da ação dos instrumentos endodônticos bem como da obturação dos canais radiculares.

Uma das formas de se obter o CT é através dos localizadores apicais eletrônicos (LAEs). Também é possível e muito utilizado o método radiográfico para determinação do CT.

Como em outras áreas da Odontologia, a Endodontia tem sofrido intensa mudança e evolução, fato que vem aumentando os índices de sucesso do tratamento endodôntico, permitindo às estruturas dentárias acometidas se manterem em harmonia com o sistema estomatognático. Porém, mesmo com o surgimento de novas técnicas e materiais, o tratamento do sistema de canais radiculares, basicamente, é realizado por meio de passos operatórios técnicos, estando sujeitos a falhas, acidentes e variados tipos de complicações em sua execução clínica, o que pode afetar o desenvolvimento do tratamento e o resultado final (KUGA et al., 2002).

Para obtenção do comprimento de trabalho, com o intuito de prevenir acidentes, os localizadores eletrônicos são capazes de localizar a posição do forame apical. Além de ser rápido e de fácil manuseio, esses localizadores ainda diminuem a exposição do paciente à radiação e facilitam a intervenção em pacientes com ânsia (KIM; LEE, 2004).

O uso de dispositivos eletrônicos para determinar o comprimento de trabalho ganhou popularidade nos últimos anos, principalmente após o desenvolvimento de aparelhos tipo frequência dependente, aumentando-se a precisão desses aparelhos mesmo na presença de exsudato ou fluídos no interior do canal radicular (ANELE et al., 2010)

Os localizadores apicais eletrônicos podem contribuir para o diagnóstico de perfurações endodônticas e poderiam ser utilizados como meios auxiliares para tal diagnóstico (CORRÊA et al., 2011). Os LAEs também facilitam a realização da odontometria em casos de pacientes gestantes (diminuição da exposição aos raios-X), uso em pacientes com náusea durante a tomada radiográfica, em situações de sobreposição radiográfica de estruturas anatômicas, sobreposição de canais localizados no plano de incidência do feixe de raios X, acompanhamento do comprimento de trabalho durante o preparo biomecânico do canal radicular de canais curvos, detecção de comunicação entre o canal radicular e o ligamento periodontal, nos casos de perfurações radiculares, fraturas e reabsorções (SÓ et al., 2015).

Os aparelhos mais modernos apresentam as medidas obtidas por meio de gráficos em display digital, facilitando a determinação do comprimento ideal de ação dos instrumentos durante o tratamento dos canais radiculares (SILVA, 2012).

Existem muitos estudos que mostram bons resultados com o uso da odontometria eletrônica, demonstrando que medidas precisas são obtidas com diversos tipos de localizadores apicais existentes ultimamente (KIM et al., 2008; VIEYRA; ACOSTA; MONDACA, 2010).

No entanto, com o constante surgimento de novos aparelhos no mercado odontológico, é importante que esses equipamentos sejam testados, e que novas pesquisas sejam conduzidas a fim de avaliar e comparar a eficiência desses ao mensurar o comprimento canal radicular. 

Assim, o objetivo deste estudo foi comparar, in vivo, a leitura de dois localizadores apicais eletrônicos.

 

Materiais e métodos

Para este estudo, foram utilizados 12 dentes, tanto anteriores quanto posteriores (34 canais) com ápices desenvolvidos e que estavam tanto com polpa viva quanto com polpa necrosada (Biopulpectomia e necropulpectomia).

Todas as medidas realizadas foram feitas em pacientes que se apresentaram para tratamento endodôntico na escola Educação Inteligente (EI – Uningá, Londrina, Brasil) no período de janeiro de 2021 à setembro de 2021 no curso de especialização em Endodontia. Estas medidas foram realizadas por apenas uma aluna devidamente orientada no uso dos aparelhos localizadores apicais eletrônicos testados.

Os aparelhos utilizados nesta pesquisa foram: Finepex (Shuster, Santa Maria, Brasil) e Airpex (Angelus, Londrina, Brasil).

 O processo de medição foi feito da seguinte forma: após anestesia local, preparo da cavidade de acesso com brocas 1012/1014/ENDO-Z/3082 e isolamento com o dique de borracha, os canais foram localizados com sonda endodôntica e foi feita a patência dos mesmos com limas tipo K #06, #08, #10 ou #15. 

Após a patência com essas limas, o canal foi irrigado com Hipoclorito de Sódio 2,5% e após isso, foi removido o excesso de solução irrigante através do uso de sugadores endodônticos na câmara pulpar.

Em seguida foi colocada uma lima tipo K #10 novamente no interior do canal e nela foi colocada a presilha do localizador e a alça bucal ao lado oposto à aquele grupo dental. 

A lima foi então movida em sentido apical até a passagem da marcação de zero ou forame pelo aparelho (além do forame). Depois foi recuada até a indicação de zero ou forame. Quando a lima alcançou este ponto, foi deixada por alguns segundos para confirmação da medida. Caso houvesse variação ou inconsistência da leitura, ela era repetida com uma lima mais calibrosa. 

Neste momento, a presilha foi retirada da lima e o cursor de borracha foi ajustado à referência adotada para cada canal. Esta medida foi anotada e o processo se repetiu para cada aparelho da mesma forma.

 Todas as medidas foram anotadas separadamente para cada aparelho e confeccionou-se uma tabela com elas.

           

Resultados

Os resultados obtidos encontram-se nos gráficos 1 e 2:

 

 Gráfico 1: valores absolutos obtidos nas leituras.
     Gráfico 2: valores absolutos obtidos nas leituras.

A distribuição dos dados obtidos mostrou uma distribuição normal e não houve diferença estatística entre os grupos (prob. H (0): 13.248)

Discussão

A odontometria é uma etapa do tratamento endodôntico que vai ditar as medidas de preparo dos canais radiculares bem com da obturação dos mesmos.

Ela é feita por radiografias ou LAEs, dois métodos eficientes no dia-dia clínico e que podem se complementar. Mas também há a possibilidade de utilizá-los separadamente. 

O método radiográfico foi a primeira técnica utilizada e se mantêm até os dias atuais, pois é uma metodologia que todos os profissionais têm acesso, mas também deve se considerar que a radiografia é sujeita a distorções. Já o localizador não são todos profissionais que têm alcance a essa ferramenta, tanto pelo valor que nele é empregado, quanto pelo conhecimento para entender tal dispositivo. 

Um ponto a ser observado é que vários estudos mostram a superioridade do método eletrônico sobre o radiográfico. Por este motivo, a odontometria radiográfica não foi inserida nesta pesquisa. (VIEYRA et al., 2010)

Neste estudo foram comparados dois aparelhos de localização apical eletrônica, das fabricantes Angelus e Shuster. Sobre o tempo presente no mercado odontológico, o aparelho da Shuster já vem sendo utilizado há anos enquanto o da Angelus é recente no mercado. 

Outro quesito que foi analisado era se houve alguma relação entre a situação de vitalidade ou não da polpa dental. Nos casos avaliados nesse estudo, a condição inicial da polpa não repercutiu nos resultados, mostrando leituras similares para ambos aparelhos

Foram utilizados diversos grupos dentais para esse estudo, com a intenção de simular uma situação clínica de rotina. Os dentes avaliados não foram selecionados e sim, os que surgiram durante um período de atendimento do curso de especialização.

O localizador da Angelus é menor em relação ao da Shuster, sendo um localizador que cabe na palma da mão, possui dois cabos, um se conecta na lima e o outro está acoplado a alça bucal.  Seu sinal sonoro é ótimo e sua bateria tem boa duração. Este tamanho pode ser considerado uma vantagem para profissionais que precisam transportar o aparelho entre consultórios, pois ele é mais leve e menor, sendo assim, mais prático para levar.

Já o da Shuster é um localizador de mesa, o sinal sonoro emitido é ótimo e possui cabos maiores em relação ao da Angelus. Possui um cabo que se divide e dele se tem a alça bucal e dispositivo que se conecta a lima.

A utilização e comparação deles em clínica foi muito simples em relação às medidas e pouco se notou de diferença entre elas. Em alguns casos se teve meio milímetro, outros um mm, ou nem isso em alguns dentes. Ou seja: não houve entre estes aparelhos diferenças de mensurações maiores que 1 milímetro.

Os dois localizadores, quando comparados visualmente, apresentam diferença significativa no tamanho, sendo o Airpex bem menor.

Todos os casos realizados neste estudo foram finalizados de maneira rotineira e com a verificação radiográfica da qualidade da obturação dos canais radiculares ao final da terapia endodôntica.    

Conclusão

Com esse estudo pôde se concluir que os dois localizadores são bastante eficientes na obtenção do comprimento de trabalho em casos de polpa viva ou necrose. 

Em relação ao tamanho o aparelho Airpex (Angelus) é menor e mais prático, facilitando o transporte e armazenamento.

Verificamos também, durante as mensurações, uma grande concordância nas leituras obtidas entre os dois aparelhos, não sendo constatada nenhuma leitura com diferença superior a 1 milímetro.

Referências

ANELE, J. A.; TEDESCO, M.; SILVA, B. M.; BARATTO,  F. F.;  LEONARDI, D. P.; HARAGUSHIKU, G.; TOMAZINHO, F. S. F. Análise ex vivo da influência do preparo cervical na determinação do comprimento de trabalho por três diferentes localizadores apicais eletrônicos. Rev Sul-Bras odontol, v. 7, n. 2, p. 139-45, jun. 2010.

CORRÊA, A. C. P. Eficácia de localizadores apicais na identificação de perfurações de diferentes diâmetros. RFO UFP, v.16, n. 2. Mai./Ago. 2011 CORTEZ, D. G. N.; BOER M. C.; INTERLICHE, R.  Endodontia: Uma visão Contemporânea. Editora GEN v. 1, p. 215-225, 2012.

GRAÇA, B. P. O Hipoclorito de Sódio em Endodontia. Trabalho apresentado à Universidade Fernando Pessoa, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Medicina Dentária, Porto, 2014.

KIM, E. LEE, S. J. J. Eletronic apexlocator. Dent Clinic North America, v.48, p.94-100, 2004.

KIM, E.; MARMO, M.; LEE, C.Y.; OH, N.S., KIM, II-K.. An in vivo comparison of working length determination by only root-ZX apex locator versus combining rootZX apex locator with radiographs using a new impression technique. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, Oral Radiology, and Endodontology, v. 105, n. 4, p. 79-83, 2008.

KUGA, M. C.; ANJOS, L. M.; DUARTE, M. A. H.; SÓ, M. V.; VIVAN, R.R.; YAMANARI, G. H. Influência da natureza do cimento endodôntico, medicação intracanal, qualidade do selamento e localização do acidente em perfurações radiculares. J Bras Endod, n. 11, v. 3, p. 287-91, 2002.

LOEST, C. Quality guidelines for endodontic treatment: consensus report of the European Society of Endodontology. International Endodontic Journal, v. 39, n. 12, p. 921-930, 2006.

SILVA, T. M. Comparação ex vivo da precisão de três localizadores apicais na detecção do forame apical. Rio de Janeiro, RJ, 2012. 80p. Dissertação (Mestrado em Endodontia). Faculdade de Odontologia, Universidade Estácio de Sá.

SILVA, T. M.; ALVES, F. R. F. Localizadores apicais na determinação do comprimento de trabalho: a evolução através das gerações. Rev. bras. odontol., v. 68, n. 2, p. 182, 2011.

SÓ, M. V. R.; ARNAUD, R. R.; LIMA JÚNIOR, M. A. V. (Orgs) Odontometria Eletrônica. Endodontia de Vanguarda: mais fácil, mais rápida e mais segura. São Paulo: Ed. Napoleão. 2015. p. 114.

 VIEYRA, J.P.; ACOSTA, J.; MONDACA, J.M. Working length determination. International Endodontic Journal, v. 43, p. 16–20, 2010

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