A tecnologia por trás dos pinos de fibra de vidro

Os compósitos reforçados com fibras, especialmente os pinos em fibra, ganharam destaque no mercado odontológico mundial nas últimas décadas.

A utilização de pinos em dentes tratados endodonticamente tem sido um grande desafio para a Odontologia devido, principalmente, à condição de menor resistência mecânica desses dentes quando comparados aos dentes vitais. O pino deve servir de suporte para a futura prótese ou restauração, sem causar stress e, consequentemente, sem causar fratura na raiz.

Portanto, os pinos em fibra de vidro com propriedades mecânicas similares às estruturas dentais são essenciais para o sucesso do tratamento. As boas propriedades mecânicas das fibras, associadas à facilidade de uso e estética das fibras de vidro, fizeram com que esses pinos fossem substituindo os pinos metálicos fundidos.

Para explicar como a tecnologia dos pinos da Angelus foi aprimorada ao longo dos últimos anos, convidamos para uma entrevista o Coordenador de Processos Guilherme Guedes Moreno. Ele é graduado em Engenharia de Materiais pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Especialista em Engenharia de Processos com Ênfase em Projetos Industriais e atua no desenvolvimento de materiais odontológicos à base de compósitos de fibra de vidro.  Acompanhe a entrevista:

1) De forma resumida, como é produzido um pino e fibra e suas diferentes formatações?

O processo de fabricação dos pinos em fibra de vidro pode ser resumido em duas grandes etapas.

Etapa 1: fabricação de um perfil contínuo de resina epóxi e fibra de vidro pelo processo de pultrusão. A fibra é embebida na resina epóxi e a mistura é tracionada para dentro de um molde aquecido, onde ocorre a polimerização da matriz resinosa. Após este processo, o perfil é fracionado em barras de 3 metros e é submetido a um tratamento térmico que garante completa polimerização da resina.

Etapa 2: usinagem, que ocorre quando os perfis já estão analisados e aprovados. Esta usinagem é feita através de equipamentos automáticos do tipo CNC, que garantem precisão nas medidas e bom acabamento superficial. Ao término, teremos um pino intrarradicular do jeito que o conhecemos.

2) Qual o maior desafio na produção dos pinos em fibra de vidro?

O coração do processo de fabricação dos pinos de fibra de vidro é a pultrusão, por causa disso, o nosso maior desafio é estabelecer melhorias contínuas neste processo. É neste momento que a estrutura do pino é construída e as propriedades de resistência mecânica são alcançadas. Este processo é pouco usual na indústria e vem sendo desenvolvido e aprimorado pela Angelus há mais de 25 anos, por meios de projetos com institutos de pesquisa nacionais e internacionais.

3) Quais as propriedades da fibra de vidro que trazem uma maior vantagem quando comparamos aos núcleos metálicos?

A fibra de vidro além de proporcionar elevada resistência flexural aos pinos, próxima a 1000 MPa, também confere ao material módulo de elasticidade próximo a dentina – cerca de 30 GPa – o que garante que os pinos, quando submetidos a tensões, irão se deformar junto com a estrutura remanescente do dente evitando acúmulos de tensões internas que podem levar a fratura da raiz.

Além disso, quando comparados aos pinos metálicos, os pinos em fibra de vidro são mais estéticos e podem ser translúcidos.

4) Sabemos que a Angelus exporta para mais de 80 países e, com isto, há uma série de exigências em qualidade. No caso de pinos, como são feitos os principais testes?

Durante toda a sua cadeia de produção, os pinos são amplamente testados. Na produção do perfil além de inspeção visual e dimensional, todas as partes dele são testadas para garantir que tenham a resistência flexural mínima exigida. Os testes de qualidade também garantem a correta proporção e distribuição de fibras no perfil que vai originar cada pino usado no consultório odontológico.

Após a usinagem dos pinos, é realizada uma nova conferência da resistência flexural dos pinos, análise visual para verificação da qualidade da usinagem, além da análise dimensional dos modelos, conforme padrão estabelecidos. Todas essas medidas combinadas garantem que o produto enviado para diversos países do mundo, esteja em conformidade com os requisitos estabelecidos pelos diferentes clientes e órgãos reguladores.

5) Como se dá o processo de inovação nos pinos da Angelus?

A captação inicial das ideias se dá através de contatos com parceiros, feedbacks dos clientes ou programa interno de capacitação da ideia. Já o desenvolvimento de novos pinos passa pela escolha das matérias primas, desenvolvimento do processo de fabricação do perfil, e por fim, o desenvolvimento da geometria final do pino.

Durante todo o processo de desenvolvimento, cirurgiões dentistas parceiros recebem amostras do produto para avaliação e nos fornecem valiosas informações em relação ao sistema sendo desenvolvido. Após esse processo, o produto final é testado para validação dos atributos, material de embalagem e usabilidade do novo sistema.

6) O que podemos esperar para o futuro dos pinos de fibra de vidro da Angelus?

Novos modelos de pinos, especialmente desenvolvidos para técnicas minimamente invasivas, além de uma reformulação na linha atual para aumento da radiopacidade dos pinos Angelus.

Como sabemos, a escolha dos materiais ideais para uso nos procedimentos odontológicos é uma preocupação de todo dentista que deseja oferecer um tratamento de excelência e obter credibilidade com seus pacientes. Para a Angelus, a preocupação é similar. Ter a inovação como valor e princípio nos faz buscar melhorias constantes em todos os produtos que desenvolvemos!

Se você gostou deste assunto, aproveite para conhecer mais sobre os ensaios laboratoriais e características dos pinos de fibra de vidro da Angelus, clique abaixo: