Medicação intracanal: o que é e quando usar

Entenda melhor como funciona e quando utilizar a medicação intracanal nos tratamentos endodônticos.

Angelus

8 min. de leitura

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18 de fevereiro de 2022

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com a participação da Profa. Me. Nayara Rodrigues Nascimento Oliveira Tavares (CRO-MG: 43.949)

Ter um conhecimento técnico e terapêutico para o atendimento de dor odontológica é essencial para os cirurgiões-dentistas. O correto diagnóstico e plano de tratamento são capazes de aliviar a dor e dar conforto ao paciente.

Em diversas situações do tratamento endodôntico o uso de medicação intracanal entre as sessões do tratamento se faz necessário, pois complementa o preparo químico mecânico e promove um ambiente inóspito ao crescimento bacteriano, contribuindo para o sucesso do tratamento.

Neste conteúdo você irá entender:


O que é a medicação intracanal?

A medicação intracanal tem como finalidade contribuir para a desinfecção do sistema de canais radiculares. Isso ocorre por meio da ação química – aumento de pH e consequente redução de micro-organismos no período entre as sessões do tratamento – e física, que seria a presença do material dentro dos canais radiculares que evitam espaços vazios suscetíveis a bactérias.

Quando utilizar a medicação intracanal?

A medicação intracanal pode ser utilizada em casos de pulpite irreversível e necrose pulpar, em situações de tratamentos em múltiplas sessões. Vamos entender cada uma dessas situações abaixo:

Pulpite irreversível

A pulpite irreversível é a persistência de uma pulpite reversível não tratada. Consequentemente os mediadores químicos e catabólicos aumentarão a inflamação, provocando mais dor. Nesse sentido, a polpa pode continuar viva, mas sem condições de recuperação, sendo necessário um tratamento de canal.
Inclusive, dependendo da situação, ela pode ser realizada em sessão única ou múltiplas sessões, com o uso da medicação intracanal.


Necrose pulpar

Ocorre logo após a pulpite irreversível, quando há a morte dos tecidos pulpares, vascularização e inervação, havendo a entrada de bactérias no interior de sistema de canais, exigindo assim uma intervenção endodôntica para que haja manutenção dos tecidos periapicais de forma sadia, livre de contaminação.
Em algumas situações de necrose pulpar, quando há uma contaminação crônica e prolongada, é necessário o uso de medicação intracanal, com indicação de uso dos biocerâmicos (BIO-C® Temp) para contribuir não só em sintomatologia, mas também em desinfecção e contribuição do processo de reparo dos tecidos.


As vantagens da medicação intracanal no tratamento

– Previne e diminui a inflamação periapical;
– Elimina micro-organismos que ficaram no preparo dos canais;
– Age como barreira física para que não ocorra uma nova contaminação;
– Solubiliza matéria orgânica;
– Neutraliza produtos tóxicos;
– Combate a exsudação persistente;
– Favorece o reparo.

Além disso, a medicação intracanal tem potencial de penetração em regiões não completamente acessadas pela instrumentação e irrigação no preparo-químico-mecânico. Assim, ela acaba complementando as etapas anteriormente realizadas.

Quais são os requisitos de uma medicação intracanal ideal?

Segundo a professora Nayara Rodrigues, uma medicação intracanal satisfatória precisa atender a algumas características específicas:

– Biocompatibilidade;
– Antimicrobiana;
– Bom escoamento;
– Boa radiopacidade;
– Facilidade de aplicar;
– Facilidade de remover;
– Não ser irritante aos tecidos;
– Possuir atividade prolongada;
– Não alterar a cor do dente;
– Não interferir no processo de reparo dos tecidos periapicais.


Quais são os tipos de medicação existentes no mercado?

Com a evolução dos medicamentos odontológicos, principalmente endodônticos, hoje eles contam com uma base de anti-inflamatórios do grupo dos corticosteroides, antibióticos ou antimicrobianos. Dessa forma, as medicações hoje utilizadas contribuem para a redução do processo inflamatório e controle de microorganismos. Por isso, vamos conhecer alguns deles.


Hidróxido de cálcio

O hidróxido de cálcio é a medicação mais usada, podendo ser associada a veículos aquosos ou oleosos, sendo indicado tanto em casos de polpa viva quanto de necrose. Ele induz a formação de tecido mineralizado, faz a dissolução de sobras de tecidos necróticos, controla o processo inflamatório e regride a reabsorção radicular.


Paramonoclorofenol canforado

O paramonoclorofenol é uma substância bactericida, pois tem propriedade de romper a membrana citoplasmática da bactéria, desnaturar proteínas e inativar enzimas.
Também libera cloro, que tem poder antimicrobiano, potente agente que possui propriedades fungicidas e bactericidas, principalmente junto ao fenol, que age por contato, e para reduzir sua agressividade é inserido a cânfora, outro antisséptico, porém mais suave. Dessa forma, paramonoclorofenol canforado combate os microrganismos do canal. Por outro lado, deve-se ter cuidado porque ele é citotóxico.


Biocerâmicos

A professora explica que os produtos biocerâmicos garantem a potencialização da ação antimicrobiana dentro do sistema de canais. Durante o processo de limpeza e modelagem do sistema de canais radiculares pode ser necessário a complementação através da medicação intracanal, para contribuir nas etapas de desinfecção, e acelerar o processo de reparo dos tecidos periapicais.

Além disso, para um prognóstico mais favorável, podem ainda ser empregados na obturação, já que apresentam boas propriedades, promovem a atividade antibacteriana, possuem radiopacidade, ausência de contração volumétrica — inclusive estabilidade química e capacidade de induzir a reparação por formação de tecido mineralizado.

É interessante conhecer quais são as principais bactérias ou fungos envolvidos nas infecções endodônticas para combatê-las. Porém, todos os materiais de consumo utilizados no canal precisam ser de qualidade para que os objetivos sejam alcançados e o paciente fique curado.

Qual é o diferencial de uma medicação biocerâmica como o BIO-C® TEMP?

Devido a todas as propriedades de um material biocerâmico, de biocompatibilidade, ação antimicrobiana, baixa toxicidade e liberação de íons cálcio, a medicação biocerâmica tem capacidade de estimular e acelerar o reparo. Isso principalmente em casos de alta complexidade e presença de alterações na região periapical.

A medicação biocerâmica permite que haja uma estimulação celular mais duradoura e efetiva, reparo ósseo, além de induzir melhores respostas biológicas em qualquer situação — seja em casos convencionais ou complexos. Logo, complementando essas qualidades, tem boa interação com os cimentos obturadores biocerâmicos, que serão utilizados na finalização do tratamento.


Existe algum caso que realizou em que a medicação biocerâmica fez toda a diferença?

A professora Nayara conta que já foi feito o uso em casos de dor persistente, mesmo com canal totalmente instrumentado — também em casos de periodontite apical crônica, com presença de lesões extensas e possível planejamento de cirurgia parendodôntica, porém essa última não foi necessária, uma vez que houve regressão completa da lesão apenas com a medicação biocerâmica BIO-C® TEMP.


O que você mais gostou do BIO-C® TEMP?

“As propriedades do material permitem maior segurança durante o tratamento, com prognósticos extremamente favoráveis e resultados satisfatórios. Afinal, o material tem boa durabilidade. No entanto, para remoção completa do agente é necessária a orientação correta do profissional com relação às técnicas de irrigação e utilização de protocolos com insertos ultrassônicos.” – Profa. Nayara Rodrigues.


Portanto, já que o tratamento endodôntico visa uma completa antissepsia do sistema de canais radiculares, a medicação intracanal evidencia a redução da infecção e proporciona uma eficácia no processo de cura. Isso dado que ele impede a recolonização e proliferação de microrganismos entre as sessões e, ainda, auxilia na cicatrização e na formação de tecido mineralizado.


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