Afinal, o uso de pinos de fibra garante mais longevidade no tratamento?
Geralmente o planejamento e execução de reabilitações de dentes tratados endodonticamente representam um grande desafio aos dentistas, porque muitas são as dúvidas acerca da indicação de determinados materiais, como os pinos de fibra de vidro. A respeito destes pinos, ditos retentores intrarradiculares, questiona-se muito sobre a necessidade de serem utilizados em todos os tratamentos reabilitadores […]
7 min. de leitura
-9 de setembro de 2022
Geralmente o planejamento e execução de reabilitações de dentes tratados endodonticamente representam um grande desafio aos dentistas, porque muitas são as dúvidas acerca da indicação de determinados materiais, como os pinos de fibra de vidro.
A respeito destes pinos, ditos retentores intrarradiculares, questiona-se muito sobre a necessidade de serem utilizados em todos os tratamentos reabilitadores pós endodontia, e quais seriam as suas contraindicações.
Para falar sobre o tema e sanar as dúvidas com relação ao tratamento utilizando pinos intrarradiculares, entrevistamos Cosmelayne Folha do Nascimento (CRO AL 2705), professora do Centro Universitário Mario Jucá (UMJ) — Maceió, Alagoas.
Ela é endodontista, pós-graduada em Prótese Fixa, professora de Cursos de Imersão em Retentores Intrarradiculares e de especialização em Endodontia no Cubo Odontológico, em Arapiraca, Alagoas.
Esta entrevista conta também com Marcílio Moreira. Ele é Professor de Imersões voltadas à Reabilitação Oral e também de Fotografia Odontológica, Mestre em Prótese Dentária (SL-MANDIC Campinas), Especialista em Prótese Dentária (ABO-AL), Especialista em Implantodontia (Ápice Cursos) e Pós-graduado em Periodontia (CEODONTO-AL)
Ficou interessado? Então continue lendo este post e tire suas dúvidas.
Qual é a importância do pino intrarradicular?
O pino intrarradicular tem várias funções, sendo as mais importantes:
- Possibilitar a retenção do núcleo de preenchimento, quando se julgar que a força adesiva ao remanescente dentário não será suficiente, evitando deslocamentos da restauração;
- Aumentar a resistência flexural do elemento dentário, principalmente da região cervical, diminuindo o risco de fratura do remanescente coronário;
- Evitar a propagação de trincas entre o material do núcleo de preenchimento, minimizando a chance de falha restauradora;
- Dissipar as forças oclusais pelo remanescente radicular, e de lá para os tecidos de suporte e sustentação, evitando a concentração de forças na região do colo dentário;
- Blindar o canal radicular de contaminações advindas do meio bucal.
Ele é recomendado sempre após o término de um tratamento endodôntico?
Visando evitar a contaminação entre as sessões de atendimento e aproveitar a melhor qualidade da dentina recém-cortada, o melhor momento para a instalação do pino intrarradicular é imediatamente após o término do tratamento endodôntico.
É importante destacar que, a depender das substâncias utilizadas durante a endodontia, esta conduta pode ser contraindicada. “Entender a incompatibilidade entre os materiais é fundamental para a longevidade do dente e da restauração”, segundo a professora Cosmelayne.
Como avaliar se há necessidade de utilização de um pino intrarradicular?
Inicialmente, existe a necessidade de investigar se o elemento dentário tem condições de receber o pino de fibra de vidro (PFV), analisando o contexto geral de:
- oclusão;
- inserção periodontal;
- trincas dentinárias;
- espessura das paredes radiculares;
- presença de férula;
- área de espelho.
Julgando-se o remanescente apto, o PFV será utilizado apenas quando houver necessidade de retenção adicional do núcleo de preenchimento, no qual procedimentos adesivos não serão suficientes. Mas também pode ser recomendado quando o remanescente coronário se apresentar fragilizado, necessitando de um artifício que aumente a resistência flexural.
Segundo o prof. Marcílio Moreira, em dentes com as paredes coronárias em número e espessuras suficientes para reter e suportar o núcleo de preenchimento ou a restauração necessária, o uso do PFV deve ser contraindicado.
Qual é a vantagem do pino pré-fabricado em fibra de vidro em comparação com o núcleo metálico fundido?
Muitas são as vantagens do pino pré-fabricado de fibra de vidro em relação ao núcleo metálico fundido (NMF). Inicialmente, cabe ressaltar que o PFV é um material resiliente, porém reforçado, tendo características de absorção de parte das cargas oclusais sem, entretanto, fraturar com facilidade.
Há a possibilidade de instalação em sessão única, evitando a contaminação microbiológica entre sessões e a diminuição da adesão do pino ao cimentá-lo em uma dentina que ficou em contato com cimentos provisórios. O PFV tem menor potencial de promover fraturas catastróficas do remanescente radicular em caso de sobrecarga oclusal.
Além disso, ele tem melhor estética em comparação aos metálicos.
“Para as vantagens biomecânicas serem maximizadas, o PFV deve estar justaposto em toda a área intrarradicular, sendo anatomizado com resina composta em casos de canais amplos e/ou ovoides. Ressalta a professora Cosmelayne Fôlha.
Qual é a diferença na fratura do elemento quando ocorre em um dente com pino de fibra de vidro e um núcleo metálico fundido?
“A literatura é clara sobre este questionamento, mostrando que os retentores metálicos aumentam o risco de danos irreversíveis aos elementos, enquanto os PFV, geralmente, preservam a estrutura remanescente ou propiciam fraturas majoritariamente reparáveis”, explicita Marcílio Moreira.
O pino intrarradicular é recomendado para que tipo de perda de estrutura coronária?
Apesar do pino intrarradicular não estar relacionado apenas com a estrutura coronária, mas levando-se em conta apenas este tópico, pode-se recomendar o uso dos PVF nos seguintes casos:
- dentes anteriores com menos de 50% de estrutura cérvico-incisal;
- pré-molares com ausência de três ou mais paredes coronárias;
- molares com ausência total das paredes coronárias, com câmara pulpar rasa e grande distância para o antagonista (coroa protética alta).
Existem casos em que não foi colocado o retentor para suporte da futura restauração e ocorreu o insucesso do tratamento?
Pode-se ilustrar tanto casos de insucesso do tratamento pela ausência do retentor quanto pela presença dele.
Porém, mais importante que falar neste artifício restaurador em si, é necessário pensar na capacitação técnica do cirurgião-dentista em planejar e executar reabilitações em dentes tratados endodonticamente, sobretudo naqueles extremamente danificados, destaca a especialista.
Poderia nos dar um depoimento sobre o pino de fibra de vidro da Angelus?
“O Exacto é sem dúvida o meu preferido”, disse a professora. Ele é um pino da Angelus que apresenta dupla conicidade, vários diâmetros e brocas específicas, adaptando-se à maioria dos casos clínicos, sem necessidade de desgastes intrarradiculares significativos.
O Reforpost é interessante, pois é compatível com as brocas tipo Largo, não necessitando de brocas específicas. É paralelo e serrilhado e se mostra uma ótima opção para retentores customizados.
Há algo mais que gostaria de acrescentar?
Entendendo que o pino intrarradicular transmite uma quantidade das forças oclusais para o remanescente radicular, é fundamental analisar se a raiz, bem como os tecidos de suporte e sustentação, têm condições de absorverem estas cargas sem sofrerem danos irreparáveis.
Itens como oclusão, presença de férula, condição periodontal, presença de trincas em dentina, capacidade técnica e adesiva do operador são apenas alguns itens que necessitam ser observados para garantir o sucesso restaurador associado à longevidade dentária.
Além disso, a escolha de bons materiais e de empresas compromissadas com o endodontista, como a Angelus, é essencial para a entrega de um bom tratamento.
Aproveite para conhecer a linha completa de pinos de fibra de vidro:
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101 comentários
09/09/2022
Muito bom conteúdo! Profissionais de excelência!!!
09/09/2022
Excelente entrevista! Esclarecedora e desmitificando um assunto delicado e necessário! Parabéns a todos envolvidos!